Com a palma da mão aberta procurou sentir um tesão que não havia dentro dos calções.
-Agradas-me Romeu, põe-no duro para mim!
-Querida, vais ter de te esforçar um pouco mais…
-Tu és mau! eu gosto de meninos maus. E consta por ai que tu gostas de “comer” secretárias!
Não gosto desta constatação e liberto-me do aperto constritor, deixando os braços de pele suave mas letais, livres para receberem Ferran. Saio da água e deito-me ao sol sem me secar, procurando nuvens num céu demasiado perfeito. Fecho os olhos para receber a imagem nítida dela deitada ao meu lado, distante num sonho de “uma chuva que não sendo chuva mas talvez humidade, tocava na pele nua e sobre Barcelona às escuras, como uma bênção”!
Ao mergulhar nos cabelos claros de quem chamei Julieta, voltava a sentir aquele cheiro de longe, despertando a memória de uma única noite muito intensa. Assim que entramos em casa dela, tinha sido empurrado contra a porta, baixou-me as calças e abocanhou-me o pénis, concretizando o desejo bem explícito. As roupas foram sendo abandonadas a caminho do quarto, e quando já não havia nada para despir, sentou-se na beira da cama e puxou-me para ela, desejando mais uma vez sentir-me bem duro na sua boca, pressionado contra os lábios. Puxei-a para mim e beijei-a, e fiz com que a língua sentisse todos os sabores do seu corpo, até a libertar num gemido delirante. De joelhos na cama esperei, e ela abriu-me as pernas pedindo que entrasse nela sem pronunciar um som, sem uma única palavra naqueles lábios inchados e rubros sempre ofegantes.
A claridade atenuada deu-me esperança de nuvens carregadas de um dilúvio virtuoso, mas era apenas a sombra projectada em mim do chapéu largo de Kate.
-Estás bem? Perguntou baixinho…
-Já estive melhor. Devo estar a desidratar, queres que te traga alguma coisa para beber?
-Pode ser água fresca sem gás se houver.
Desço à cozinha e na passagem estreita cruzo-me com a Táňa, parece que el catalãn não deu conta do recado, e o desejo não foi nem um pouco refreado. Lambe a mão com saliva e faz corre-la ao longo do meu membro, desta vez mais duro dentro dos calções. Propõem-me uma sessão de sexo oral, e faz tenção de se ajoelhar para manifestar a sua devoção. No limite de cair no abismo daquela boca com pronúncia checa, recuo, desculpo-me, procuro a tona de água para não me afogar!
Com a palma da mão aberta sentiu o tesão não contido dentro das calças.
-De certeza que não queres mais nada?
-O que fizeste já foi suficiente…
-Nem uma massagem? só para relaxares um pouco, estás um pouco tenso… E sorri mordendo o lábio vermelho, baixando o olhar na direcção da tal tensão!
Desaperta-me a camisa e eu deixo. Da bolsa tira um óleo de massagens e um elástico com que prende o cabelo preto reluzente no topo da nuca. Continua nua, a pele perfeitamente bronzeada à excepção da zona púbica, e tiro as calças voltado de frente para ela.
-Tira tudo, não te quero sujar com óleo.
E ficamos nus, em contrate de tom, sem sentimentos de superioridade oferecidos a quem se despe perante o outro. Apesar deste preconceito, nunca me senti acima dela enquanto se despia e dançava para mim, pelo contrário, deixou-me sem controlo das minhas vontades, entregue ao deleite dela que aparentemente se despia para meu prazer. Deito-me de bruços no lençol aberto para trás e ela senta-se ao fundo das minhas costas. Verte um pouco de óleo sobre as mãos e depois desliza-as ao longo da espinha, fazendo compressão, desde o ponto mais próximo do seu sexo quase desprovido de pêlo, até ao meu pescoço, rodando pelos ombros, puxando-os e retomando o percurso inverso.
-Coño! estás bem? Estamos na rua à tua espera… ainda vais demorar? Vem-te lá!
-Estou a descer. E desligo.
Adormeci e ela já não está. Visto-me meio perdido na escuridão do quarto, antes de sair lavo os vestígios de sono da cara, preciso com urgência dum cigarro.
-Então que tal a “chica”?
-Fantástica…
Ferran tem um sorriso pérfido agarrado aos dentes que se traduz em qualquer idioma num “eu bem te disse!”, obriga-me a pisar o vício antes deste chegar ao fim, entrarmos no carro estacionado a poucos metros dali. Deixa-me à porta do hotel, para eles a noite ainda vai continuar carregada em pecado e luxúria, por mim já chega, só me apetece sentar numa daquelas cadeiras de lona crua do exterior, junto à piscina, e beber uns whiskys, fumar uns cigarros, esperar em vão que chova.
“Se algum dia te sentires sozinho em Barcelona, liga-me! Gostei de ti.” Está escrito a lápis preto no maço de tabaco, já ligeiramente esborratado pela passagem distraída dos meus dedos. Tiro o último cigarro antes de ir dormir, deixou o nome e contacto.
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