segunda-feira, 30 de maio de 2011

J de jogo

Chego às 21 em ponto, ela abre a porta assumindo a personagem. Saia justa travada pelo joelho, camisa branca abotoada até cima, o cabelo preso no topo da nuca e uns óculos que lhe dão um ar certo. Uns saltos altos, bem altos e finos, dão o toque final à indumentária de secretária.
-boa noite Sr. Director!
E começa o jogo de sedução, dou-lhe o casaco, não a cumprimento, nem sequer respondo ao boa noite. São as regras, quanto mais distante parecer, mais ela se excita!
-vai querer tomar alguma coisa?
-whisky sem gelo.
E sento-me no sofá, em frente na mesa, estão pastas com supostos contratos, o cenário.
Pousa o copo na mesa e chega-me um cinzeiro, depois senta-se ao meu lado, de costas direitas, pernas juntas, como uma verdadeira secretária!
Nunca repetimos o jogo, às vezes mal acabo de entrar faço um comentário sobre a roupa dela, digo coisas como: "não volte a vestir isso, é horrivel!" e ela fica nua...Mas desta vez deixo o jogo prosseguir.
-ainda é cedo, vamos rever os contratos, não quero falhas.
Ela inclina-se sobre a mesa para alcançar as pastas, demora-se, de rabiosque voltado para mim, provoca-me, apetece-me morde-la...contenho-me!
Senta-se com os contratos na mão, enquanto os abana no ar.
-está quente, não está? Desaperta o primeiro botão da camisa, já deve de estar a estranhar eu ainda não ter atacado e então coloca-me a mão na perna para me explicar que fez três cópias do falso contrato. Se me tocou, é porque já não aguenta mais...
-importa-se de começar a ler?
-claro que não, Sr. Director.
E desaperto-lhe a camisa, botão a botão, enquanto ela lê. A renda branca da lingerie deixa visivel a zona mais escura do peito, beijo-a no pescoço, afasto o soutien e sinto a excitação dela na ponta dos dedos, na minha língua. Continua a ler.
Massajo-a no joelho e ela entreabre um pouco as pernas para que eu consiga chegar onde um lume começa a arder. Um toque mais fundo e ela pára de ler.
-Sr Director! Os clientes devem de estar a chegar...
-não se preocupe, o contrato está perfeito.
-mas e se chegam entretanto, e nos encontram assim?!
-tem razão, não estava a pensar ...dispa-se!
-como disse?
-dispa-se! sim, ouviu bem e dobre-se sobre essa mesa!
Deixa ficar o ligueiro e os sapatos de salto alto e inclina-se de costas para mim. Apago a cigarrilha e bebo um trago de malt da minha marca favorita.
Demoro-me, ela expectante fica ainda mais húmida, e depois faço subir os dedos pelas suas pernas acima, começando pela parte posterior dos joelhos e terminando no interior das suas coxas. Estremece! O jogo termina.

J de Julieta

De porta escancarada do frigorífico, olho o vazio frio e luminoso branco. Não é fome isto que sinto, ou então é outro tipo de alimento que o meu corpo pede. Acabei de acordar com esta sensação de falta. Volto à cama e desço pela lista dos contactos.
Ela atende quase ao segundo toque, um bom presságio, primeiro porque não está a trabalhar e segundo porque está por cá!
-Romeu, meu querido, há quanto tempo não te ouvia nesse sussurrar tão acabado de acordar.
-acabadinho, ainda estou sob os efeitos secundários…
-mas ainda é cedo, não me digas que já levaste recusas desde a letra A?
-querida, sabes que começo sempre pelo J, de Julieta…
Ela ri com vontade.
-ai só tu para me fazeres rir assim, mas eu nem me chamo Julieta…alguma vez chegaste ao Z?
-acho que não tenho ninguém no Z, pelo menos ninguém que interesse para o caso. Mas já me deu para começar pelo X e fui parar ao C. Foi um Agosto complicado…
-então queres que acredite que começas-te no J?
-é como te digo, acabei de acordar, estou sob os efeitos secundários de um sonho, foi só pegar no telemóvel e ir ao J…ainda estou deitado na cama!
-efeitos secundários?
-sim, onde é que tu estás?
-estou a tomar um chá com umas amigas, manda-me uma foto com os teus efeitos secundários, a ver se ganho vontade…
-queres uma foto minha para mostrares às tuas amigas?
-claro que não…
-só te mando se lhes mostrares, aliás, fazemos assim, mando depois de falar com elas.
-tu não existes! Deixa ver se elas querem falar contigo. Uns minutos de murmurinhos, risinhos e uma voz estranha.
-estou?
-com quem é que estou a falar?
-com a Maria…e tu és o famoso Romeu!
-famoso não diria, mas brilhante seguramente! Ela ri, o que é bom sinal ou não.
-pois, e olha mandas a foto ou não? Estou curiosa…
-falta-me um adereço, vou só buscar os óculos de sol, estou com umas olheiras pouco sensuais!
Ela volta a rir, entretanto passa a outra… faço pose em frente ao espelho do quarto, usando apenas e somente os óculos escuros.
-Romeu?
-sim, quem fala?
-sou a Sílvia, olha não desperdices o teu mel comigo que não vale a pena!
-ai Sílvia não digas isso, é o pior que me podem dizer… e passa o telefone, sem me dar tempo de argumentar!
-então mandas a foto ou não?
-já não tens mais amigas?
-não, somos só 3…
-já está!
Riso geral, alguns gemidos…alguns palavrões…
-tu és impossível, deixaste aqui uma mulher traumatizada e outras duas com calores… às 21 em minha casa, desfaça a barba e deixe ficar o tesão, Sr. Director.
-ajudava se mandasses uma foto provocante de ti com as tuas amigas!
-tu tens uma mente muito fértil, acho que não precisas, às 21 em ponto. beijo


domingo, 29 de maio de 2011

sweet pea

De olhar azul intenso, doce e melancólico, despida no sofá, aguarda pacientemente pela minha atenção. Os loiros caracóis sempre perfeitos, estáticos, platinados, nunca se desmancham! A pele clara, fria, desprovida de tatuagens, cicatrizes, pêlos ou sinais, não se arrepia quando os meus dedos por ela deslizam!
Permanece deitada à minha espera em silêncio, sempre em silêncio apesar da boca escancarada, pronta a dizer qualquer coisa, mas nunca diz nada. E mesmo que, de forma improvável, articulasse algo como: Romeu, tu amas-me? Eu não ouvia…!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Mambo "vertical"

Uma a duas vezes por ano, o nome dela surge no telemóvel. Está no Porto, mas apenas por uma noite. aquela voz sensual diz que me quer ver num inglês com um ligeiro travo a leste. O hotel é sempre o mesmo. Faço-me anunciar na recepção e espero por ela no bar, uns minutos depois aparece, é quase sempre assim que começa. Tomamos um copo, trocamos uma ou outra novidade, nunca fugindo muito ao tema trabalho. Não há compromissos, não há palavras doces, nem preliminares. Subimos para o quarto dela e fodemos. Mas hoje não, hoje ela quer sair, quer sentir o frio da cidade, quer ver as luzes que iluminam o granito. Vamos, leva-me a um sítio interessante. Diz, enquanto passa a mão pelo meu cabelo. Nunca o fez antes, pelo menos em público. Sempre que a faço vir com a língua e o cheiro dela fica impregnado em mim até aos ombros, agarra-me pelo cabelo, puxa-me para ela, até atingir o clímax e a respiração descontrolar, e depois empurra-me num gesto brusco.
Tomamos um café com vista para as caves e depois passeamos junto ao Douro que corre denso e negro. A noite está fria mas não assim tão fria para que ela se encoste a mim passando o meu braço por cima dos seus ombros. A proximidade dos nossos corpos intensifica o desejo de nos consumirmos, e mais ainda quando paramos para contemplar a beleza da ponte, e os meus dedos encontram a sua pele nua por baixo da camisa. Beijamo-nos, ela sente a minha virilidade de contra o ventre, pede a urgência de um canto escuro…e quantos cantos escuros têm o velho Porto! Tomo-a contra a parede, suspensa a perna no meu braço, rápido e bruto. Terminado o coito, levo-a de volta ao hotel, despedimo-nos com um beijo na cara. Até qualquer dia Romeu! Diz-me, com um sorriso nos lábios.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

mesa nova

O toque incessante do telemóvel arranca-me de um sonho intenso.A protagonista principal é uma enorme leoa de pêlo dourado brilhante e unhas bem afiadas, e que tomando a forma de uma mulher, me crava as mesmas unhas nas costas, enquanto a tenho encostada à parede, pronto para a possuir de pernas envoltas em mim! Desligo o telemóvel, pelo toque é a minha chefe, e volto ao sonho e às pernas dela!
Chego ao escritório por volta das onze, atrás dos óculos de sol escondo as quatro horas de sono...
-Bom dia Romeu!
-Bom dia Glória do meu coração!
-A noite foi longa meu querido?
-Nem imaginas…
-A chefe está furiosa, hoje ninguém a atura…mal chegou convocou uma reunião, e perguntou logo por ti! Fez questão de dizer que te quer lá dez minutos antes do início!
-Hum, dez minutos antes?
-Talvez queira que a possuas por trás na mesa nova!
-Isso és tu a falar ou ainda estou a sonhar contigo?
Ela suspira…-Vai lá acalmar a fera, faz o sacrifício por todos nós!
-Dez minutos…achas que a mesa aguenta? Ela ri enquanto me empurra em direcção ao gabinete onde a fera habita!
E eu vou…
Está furiosa, qualquer coisa sobre alguém que fez asneira com a campanha de um cliente importante, parece que tenho de ser eu a resolver… fica muito sexy quando morde o lábio inferior, a transparência da camisa dela provoca em mim um défice auditivo, só consigo apanhar metade do que vai debitando a 200 km/h! Ela apercebe-se:
-Preciso que vás almoçar com eles depois da reunião e que resolvas a embrulhada…Romeu! Isto é importante, estou a implorar…fazes asneira e sabes do que sou capaz!
Imagino! Também a imagino dobrada sobre a mesa nova…se não fosse o seu feitio irascível!


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