quarta-feira, 6 de julho de 2011

Costa Brava V e último

Ficamos no silêncio, ocupados em pensamentos enquanto admirávamos a forma levitante do fumo daqueles dois últimos cigarros do maço. O mesmo maço onde ainda se podiam ler desbotados alguns números e um nome, Isabel! E no fumo ondulante vislumbrei as curvas do seu corpo, bem torneado, a pele brilhante e perfumada, sentada na minha perna, aberta para mim, masturbando-se para deleite dos meus sentidos. Depois de me massajar as costas desceu para as minhas pernas e pediu para me virar, verteu o óleo sobre o meu peito e em vez de o espalhar com as mãos como tinha feito nas costas, deslizou o corpo dela em mim, até os lábios ficarem juntos dos meus, mas sem nunca se tocarem. E montou-me, qual amazona de seios imensos reluzentes do óleo, até se esgotar de prazer.

Parecia que não havia mais nada para dizer, e assim que amortalhou o cigarro no cinzeiro, levantou-se puxando a carteira pelo ombro. Segui-a, barrei-lhe a passagem para o átrio colocando o meu braço na porta. Beijei-a nos lábios entreabertos que se preparavam para pronunciar a despedida, num belíssimo e exótico catalã que me encanta!

Umas horas antes em casa de Ferran, uns outros lábios com pronúncia bem diferente encheram-se de mim. Os ataques sucessivos de Táňa por baixo da mesa, deixavam-me sem apetite para apreciar a Paelha, sussurrei-lhe ao ouvido que me seguisse até à casa de banho, o meu apetite feroz por ela havia de ser saciado. E foi. Sentada na pedra fria de mármore italiana, com o vestido subido, bem aberta para me receber, duro dos amassos que me tinha dado. Tentava apertar as coxas, sentia-me esmagado, mas isso só me deixava mais doido e aumentava o ritmo das investidas. “és mesmo um menino mau!” Dizia-me ao ouvido, cada vez que entrava nela com mais força, intercalado com outras frases que não constavam do meu vocabulário!

-Pára Romeu! Deixa-me passar… preciso de me afastar de ti.
-Precisas porque ainda sentes alguma coisa… É isso?
-Preciso porque não passou de uma noite, acabou. Não há mais nada, não sinto nada por ti, és um convencido, deves achar que és o maior, o homem a que nenhuma mulher resiste. Deixa-me ir!

As poucas pessoas que por ali pousam descontraídas numa noite quente, desviam a atenção para nós, o tom de voz dela elevou-se acima da musiquinha de fundo que se faz ouvir irritante e permanente. Os olhos claros enchem-se de raiva.
-Esperanza, por favor, podemos ir falar para um sítio mais reservado? Não gosto de dar espectáculos gratuitos…
-Não vamos para o quarto, nem penses!

O quarto… aquele que no dia anterior tinha recebido uma visita inesperada, o receoso bater na porta afinal nada tinha de tímido, com o pretexto de usar o meu portátil deixei-a entrar, mal abri a água do duche e a recebi ainda morna, senti as mãos dela percorrerem-me o corpo sem qualquer pudor. Mesmo no meu estado debilitado, ergui-a contra a parede e penetrei-a, sem paixão. Trinta minutos depois estava pronto.

Esperanza “tiene su raíz en la palabra latina spero, esperar", e tinha sido isso mesmo que ela tinha feito, esperar pacientemente por aquele momento. A última vez que nos vimos foi no escritório de Ferran após a minha discussão com este, despedi-me dela contra a minha vontade, abracei-a em mim na tola esperança de a poder levar comigo.
Subimos ao quarto, insisti no beijo, mostrei-lhe como estava desejoso dela segurando a sua mão contra o meu sexo. E depois toquei-a por cima da roupa, massajando-a ao de leve pelo meio das pernas fechadas, pelo peito que transparecia excitação. Contra a porta de entrada desceu-me e abocanhou-me, do jeito que só ela sabe.

O mesmo sonho de dunas de areia que se acumulavam no infinito voltou a assombrar a noite, ficava preso na areia, sem conseguir sair, ia sendo engolido. Uma chuva fraca batia nas janelas, deviam ser umas três da manhã quando acordei, enrolado nela e no lençol. Levantei-me trôpego necessitado de água e um cigarro. O maço vazio parecia perguntar: que foste tu fazer Romeu?

Conclusão, a Esperança é sempre a última a “morrer”!

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