quarta-feira, 3 de agosto de 2011

café simples sem açucar ou sway II

Na penumbra do quarto, voltei à cama gatinhando entre as duas, puxei o lençol e junto veio um braço que me abraça e um corpo que se encosta nas minhas costas. De frente para mim, volta-se um rosto que sonha a menos de um palmo do meu. Não as distingo pelo tom ou comprimento do cabelo, muito menos pela íris oculta na pálpebra, mas pelo cheiro distinto, característico que exalam como flores e embriagado pelo perfume volto a cair no sono.

O aroma a café resgata-me do mundo de sentidos adormecidos, e penso na Madame d’Orvilliers que não resistindo aos encantos do jovem tenente Francisco de Melo Palheta, lhe envia um ramo de flores onde dissimuladas, se encontravam escondidas as sementes das quais haveria de crescer o poderoso império brasileiro do café.

Os dedos dela passeiam pelo contorno da minha tatuagem. Sem abrir os olhos e mesmo dissimulado pelo odor do grão torrado, eu sei que aquelas mãos pertencem à dona de uns olhos verdes como limas. E então ela diz:
-Bom dia Romeu remelento!
Para além do café acabado de fazer, há pão quente com manteiga e geleia de groselhas e manga cortada em fatias. Ela senta-se na cama cruzando as pernas e fica a ver-me comer. Tem um brilho diferente nos olhos, talvez da luz que entra plena pela janela, ou então um brilho que já existia e que me passou despercebido.
- Tinha pensado passar o dia de hoje na montanha, caminhar um pouco, levar uma merenda…queres fazer-me companhia?
-depois de um pequeno-almoço destes seria muito deselegante da minha parte recusar. Mas montanha mesmo montanha? Daquelas com terra?
Ela ri perante o absurdo da pergunta.
-sim montanha mesmo, daquelas grandes, com terra, rochas, árvores…!
-o único problema reside no calçado apropriado…
-resolvemos isso no caminho.
-E a tua amiga?
-teve de ir trabalhar, infelizmente para ela, felizmente para…
-e sexo antes de irmos?
-parece-me bem!

Estico-me até alcançar o tornozelo descalço e puxo-a por uma perna para mim, ela deixa-se escorregar e fico sustado sobre ela, tocando-a apenas com os lábios na sua boca, sentindo o sabor prolongado do café, descendo pela linha do rosto, subindo de novo junto ao lóbulo da orelha. E toma a iniciativa dobrando-se pelo ventre, lançando o seu corpo ao encontro do meu ainda nu.
Blusa e calças seguem direcções opostas e encapela-se em mim como a onda faz ao mar, ficando por cima, quase nua. As bocas voltam ao ponto de partida, ao sabor amargo e quente e sinto-me entrar nela, húmida, unida e intensa. Solta-me a boca para soltar um gemido seguido de outro e mais outro e depois outros tantos.

Um banho gelado resfria-me a cabeça, tonifica-me os músculos, levando a água o cheiro delas impregnado em cada poro da pele. Ela está pronta para sair de casa. Uetliberg é o nosso destino.
Bem no coração de Zurique, fica Hauptbahnhof, a estação, um prédio fantástico de 1871 que mistura o clássico com o ultra-moderno. Segura-me a mão e puxa-me para dentro de uma loja, é muito prática e vai direita a calças de ganga, um pólo e sapatilhas, limito-me a tentar lembrar-me dos números. E depois entramos nuns provadores pouco amplos, ela senta-se, livro-me das calças, e ela acaricia-me. Tiro-o para fora e deixo que ela passe a língua de baixo até à ponta, para depois o mergulhar no calor da boca, o pressionar com os lábios, enquanto os seus olhos verdes procuram as expressões de prazer no meu rosto. venho-me.

Troco de roupa e antes de tomarmos o comboio para o sul, deixo ficar as minhas coisas num cacifo da estação. Viajamos sentados frente a frente, conversamos toda a viagem, desde as coisas mais absurdas como comer ananás antes de fazer sexo oral, até aos candeeiros em forma de veados…Caminhamos um bom pedaço, até uma paragem forçada pela fome. Sentamos numa zona com sombra a saborear tanto a paisagem como as iguarias que ela tinha preparado! Vê-se a cidade e o lago, e lá mais ao longe os Alpes.

1 comentário:

  1. :)

    Já conhecia mas embrenhei-me de novo nas palavras...

    Ainda bem que por aqui continuas... Já reparei que não estás no netlog... Posso perguntar o que aconteceu?

    Beijinho

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